sábado, dezembro 24, 2005

baudeleriana livre: primeiras estrofes

Eu quero hoje um sentimento torpe.
Tragar de uma vez a maldade do mundo,
Com um gole de toda solidão possível.

Eu quero hoje um vício que me dê prazer intenso.
Praticar uma vileza que me dê sentimentos bons.
Assassinar meus anjos e meus demônios de um só tiro.
(...)

terça-feira, dezembro 20, 2005

parabéns... ao som de ''chão de giz''


sinto-me como se fosse uma lata de pulgas ao relento. acho que é esse o sentimento. talvez nem tanto. mais um ano, menos um ano... falta alguma coisa ainda. pra supri-la eu preciso de álcool, álcool. correndo pelo meu corpo, me tonteando. me alienando da dura vida prática em que se tem de enfrentar problemas. ontem não me sentia assim, amanhã talvez as coisas mudem. talvez as coisas continuem assim ou talvez o universo se desintegre num grito no pôr-do-sol. as formigas, ouvi dizer, preparam um ataque e não restará nada depois do juízo final. talvez o álcool, descendo por meu corpo, depois do corpo a alma, depois da alma o cosmos caótico do dia-dia. menção honrosa? louvação idiota! “é proibido chorar nas ruas de asfalto”, já disse o M.I. esse sabia bem de mim. dane-se o M.I. o turbilhão da vida dá voltas e cai no mesmo beco iniludível e escuro. mas é tarde e é hora de dormir. quem sabe o universo não se desintegre amanhã antes da aurora! preciso estar acordado para ver. mas aurora é sempre vazia e até agora eu não entendi porque escrevi esse texto tão pessoal!

sexta-feira, dezembro 16, 2005

claire de lune...

Claro de luar... ah é claro de luar!

Prateado... ah...! prateado como a tiara de uma princesa do século quinto
Que não se escondesse e nem se insinuasse, apenas existisse sob o universo.
Oh deus das existências! Longínquo e absoluto me leva nesse claro.

Só tenho a fraqueza como pertence,
Todo o resto se perdeu ou nem existiu.
Mas se é tudo o que tenho, então é tudo que posso te dar agora,
meu claro, meu claro de luar.
Numa bandeja translúcida, num cálice de divagações...
...em devoção como um cão ao luar.

Imensa essa vontade de gritar!
__COMO UM CÃO AO LUUUUUAAAAAAR...!
Raios na manhã escura, chove álcool nos olhos como se sibilassem neóns...
Jogam-se os neóns, vadios e invejosos do luar, sobre a fluência noturna
De almas de homens angustiados, de meninos angustiados... e de homens-meninos.
Angusti.... a.... dosssss...

Abro os olhos e vejo uma encruzilhada,
Armada de tocaia pelo destino, com a felicidade na mira.
Um deslize e baaaam...! outra vítima.

O safado do destino que fugiu numa numa carruagem para uma nuvem.
E viu de camarote o primeiro raio desse claro...
Ahhhh...
...desse claro de
luhhhh...
aaaaar...!

domingo, dezembro 11, 2005

Pam e Martin encurralados: a Sociedade descobriu os esconderijos sob o Teatro Guaíra!

“A-wop-bop-loom-map-lop-bang-boom...” disse o cantor sacolejando. Mas Ilenidlavski não sabia que o cantor sacolejava enquanto estava cantando, era a vitrola do Come-come Saloon que esganiçava um rockabilly. Outro gole de Caboom! __ drink de álcool anidro, absinto e ácidos diversos, com uma rodela de abacaxi pra disfarçar __ e Ilenid estava pronto, a noite seria longa. Promessas de morte. Uma da Sociedade: “SABEMOS AONDE VOCÊ ESTÁ! NÃO FUJA QUE SUA MORTE NÃO SERÁ DOLOROSA”. Outra da Polícia através de informantes:“FUJA ENQUANTO HÁ TEMPO, A CASA CAIU!”. A noite seria longa. Enfurnado há três dias no Come-come Saloon, já não sabia da cor do sol, mas chamado urgentemente por Pam, a líder das Lótus letais, entrou pelos esgotos e adentrou, com ajuda dos eremitas subterrâneos de Curitiba, aos esgotos no subsolo do Teatro Guaíra, seu novo esconderijo. Seus passeios noturnos pelo interior do teatro na época da encenação das óperas deram-no a fama de fantasma, o Fantasma da Ópera, e um dia fez-se então uma ópera em homenagem a esse “fantasma”.

Pam já o esperava. “Ora Ilenid. Você corre perigo! Deve ficar aqui enquanto chefio as ações da M.C.!” “A M.C. é uma engrenagem de onde não pode parar nenhuma peça. Se minhas ordens não guiarem os rumos da M.C. ela afunda como um barco que não quer mais navegar”, disse o mafioso com a arrogância que a vida lhe deu. A discussão varou horas a fio e Pam convenceu-o enfim a deixar-se estar naquele subsolo.
Três horas da manhã. “Estaplauft”! Uma bomba atinge a porta de vidro do Guairão! Um horda de capangas da Sociedade adentra o saguão e se dirige ao palco vazio, liderados por Leo, o macabro, e Zancanarius, o metódico. Tomam, então, de assalto os bastidores, depois dos bastidores as salas arredores e cafofos escondidos e descem em um ataque cirúrgico aos cubículos do subsolo onde Martin e Pam se encolhiam assustados a um canto do recinto. Então ouve-se o barulho de uma pesada de coturno na porta...

Conseguirão, Martin e Pam, livrar-se dessa armadilha inexorável do destino...? Vejam as cenas dos próximos capítulos nesse mesmo canal pedante e podre, nesse mesmo horário qualquer.