domingo, fevereiro 25, 2007

A Sociedade reatada! Breno Rex Juninho tem que pagar

Com o golpe do hashômon-invertido, Naka, o supérfluo, estourou a porta e adentrou à sala do QG da Sociedade onde já o esperavam Stiepánovitch, o advogado, Zancanarius, o sabathiano, e Leo, só Leo mesmo.
__Boas vindas, sócio!
__Boas vindas é o caralho! Limpem meu allstar com a língua!
__Vai pro inferno seu pôrra!__ com esses cumprimentos que a praxe e a boa educação recomendam, os quatro da Sociedade reataram suas relações comerciais.

Mas havia alguém para apagar. Alguém que já não pode continuar vivo. Alguém com informações precisas demais sobre muita coisa que não se pode ter. Alguém que sabia demais!
__Mal volto das férias já tenho que trabalhar, merda!__disse Naka.

Breno Rex Juninho, estava com seu traje típico. Pilche completo, bombacha maior que a confiança que tem Russel, maior que a crença inexorável em Frege. Foi ao oratório a esse deus-graçado, o vaso sanitário, com uma cópia de “On Denoting”. Leu duas frases ao acaso e deixou uma lágrima escorrer e voltando à cama ouviu um barulho. Foi à sala pilchado como manda as tradições gaúchas e deu de cara com Stiepán armado com um Ser e Tempo carregado. Fazia mira na testa de Breno Rex que implorou fazendo aquela expressão de Poppeye com a boca:
__Por favor! Não me mate, eu sou apenas um filósofo de oitava categoria. Aliás nem creio nas categorias kantianas. Aliás eu nem creio, apenas sei.
__Ora bolas, Breno Rex! Você sabe demais. Preciso livrar a humanidade das suas certezas. Não me venha com churumelas!__ dizendo isto Stiepán engatilhou seu Ser e Tempo e de um só tiro inquiriu a pergunta fatal__“Porque o ente e não antes o nada?,” me responda seu strawsoniano!
__O ente? Como assim? Nada.. o que é isso?__ Breno Rex consultou seus compêndios, sua famigerada tese, sua memória e não conseguiu entender e teve seus conceitos arrancados de suas referências de um só golpe__ Mas bah! isso é tricomplexo!

Em dois minutos o Dasein de Breno estava niilizado, para todo o sempre sentiria ele uma profunda unheinlichkeit. Voltando ao carro Stiepán e os outros três conversaram: “Está feito!”, “Ele gritou?” “Não. Só fez uma oração kripkiana”, “Esse sujeito não nos incomoda mais”, “Esse sujeito nem será predicado mais!” arrematou Stiepán, satisfeito. Então cantaram o pneu em dó maior e escafederam-se dali sem deixar pistas no asfalto mal iluminado por uma obscuridade analítica.