domingo, setembro 25, 2005

Carta a mim mesmo

“as my memory rests
but never forgets what I lost
wake me up when september ends”


Colombo, algum dia de setembro desse ano.


Prezado Senhor Eu-mesmo: Olá...
Nenhuma novidade no front da batalha de nossas vidas.

Todas as sortes e inssucessos, já te passam à mente, pela memória
antes que eu venha e, de olhos sinceros, lhe conte.

Agora está você aqui sentado frente a esta tela branca,
subjugado por uma horda de pixels que lhe invadem os olhos.
Nós dois nos olhamos nos olhos irresistíveis e resistimos a nós mesmos.
O espelho mente, mas mente tão bem que acreditamos nele, ingênuos e crentes.
Nesse quarto que há o pouco de nós que o mundo abriga,
reside a vontade geral.
Todos o querem agora, inconsientemente: gênio, gentleman e conquistador.
Todos o querem estupendo e virtuoso,
e não lhe permitem essa inadequação que lhe trava a fala,
essa personalidade que lhe oblitera e a divindade que lhe subjuga e domina.

Ó Bem aventurados somos nós! Eu e você, olhando essa tela branca,
Que temos ao outro para maldizer.
Mas malogrados somos nós... que só temos a isso,
e esse pouco de imaginação que nos droga e liberta...
para um cárcere vazio.

Não provocou seu suicídio ou nenhum genocídio,
nenhuma heresia conhecida ou milgare digno de canonização,
e essa turba que lhe tira a respiração e o sono, em busca de alimento ou justiça.

Nada além
de muito mais que
esperar os dias alegres.

O caminho segue e as pedras te confabulam o passado e a memória das chuvas passadas.