sábado, janeiro 21, 2006

Dúvidas éticas numa sexta-feira à noite

__Tudo bem, sexta-feira à noite. O que vamos fazer? Bem se você quiser há um puteiro no fim da rua. Mas eu não vou colocar grana numa fodida. Uma noite com uma mulher valeria garrafas e garrafas de cerveja? Valeria? Você pode dizer depende da cerveja, é verdade. Mas e um bom litro de whisky, valeria? Tá, whisky dá dor de cabeça, eu sei. Mulher no outro dia some. É eu sei, mas e umas garrafas de rum, litros de caipirinha, tubões e tubões, compartilhar com meus amigos a grande celebração da vida? Valeria? É, é verdade, amigos às vezes são falsos, e eu sempre me fodo com eles. E ficar bêbado na rua dá sempre em alguma merda. Eu sei. Mas eu venderia todo esse prazer social por prazer com uma pessoa só? Tá certo é uma “senhora” de uma pessoa! E não é qualquer prazer, enfim... Mas meus hormônios valem, mais então!? Ora bolas... eu ainda estou no controle, certo? Eu mando em meus hormônios! Não uma mulher com aqueles corpetes, minissaias e coxas ao léu, decotes furiosos sobre minha calma, andarzinho lascivo, curvas e curvas, olhinho piscando de lado, meio assim, charmosinho... e... e... aquelas voluptuosidades safadas, e a imaginação voando, voando, e a expectativa do caos em flor da explosão de nossos corpos... Ai! Ai! Nem me fale! Deixe-me ver quanta grana tenho... Ai... vamos pro puteiro então, você me convenceu.
__Ué... mas eu nem falei nada!

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Declaração de veemência e suavidade

"...como um fio de algodão
acalmando um furacão."M.I.

Não há vida fora de mim
Não há morte fora da mim
Eterna dialética de existir-nãoexistir

Quero uma amante louca
De mil tornados sobre si
Eu quero muito mais que viver
Eu quero girar como girassóis

Mas se tiver um bom descanso
Ouvindo as sinfonias das chuvinhas safadas
Destruindo a monotonia com o silêncio sonoro das suas gotas

Mas os tanques voltarão
Quando voltarem estarei preparado para a batalha!
Que venham AK’s e .40’s!

Farei qualquer dia
Uma ode aos b52’s,
Uma elegia às baterias antiaéreas,
Uma saudação aos mariners,
Mandarei um beijo cortês aos cavaleiros da morte,
E seus engenhos maravilhosos de destruição em massa,
Cartinhas carinhosas aos generais,
Lustrarei as estrelinhas deles com sangue dos inocentes,
As botas com a saliva que já escorre
das bocarras insaciáveis deles.

mas quero girar e girar agora
como um girassol em fúria
como um planeta em órbita
ou em rota de colisão

Eu quero encontrar as supernovas
Eu quero um bigbang pra mim agora

Eu quero ver a vida por aí
Em qualquer instante jogado
Mas não há vida fora de mim
Não há morte fora da mim
Eterna dialética de existir-nãoexistir

sexta-feira, janeiro 13, 2006

(...)

Quem o visse andando pelas ruas, vivendo anonimamente, não saberia que ele havia nascido para se foder. Coitado, diriam uns se o soubessem. Mas a cena é tragicômica demais para sentir pena. Algo entre Chaplin e Lupicínio Rodrigues. O destino era um safado. Um safado sarcástico que gostava de lhe colocar cascas de banana sob os pés. O cupido um zarolho. Ah! era um zarolho o cupido, flechando sempre o coração certo na hora errada. Mas é que Murphy havia matado a tiros o anjo-da-guarda do nosso protagonsista.

“Puxa vida!... Que coisa!...”, exclama a platéia sem saber que o espetáculo já acabara sem aviso de “the end”.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

discussão sobre a falta de assunto em blog...

"mato-me setenta vezes por minuto a cada bater do coração"; ILENIDLAVSKI, Martin. diz:
acho que vou me suicidar!
Estevão diz:
boa sorte...
"mato-me setenta vezes por minuto a cada bater do coração"; ILENIDLAVSKI, Martin. diz:
eh a terceira vez que decido isso hj.
Estevão diz:
se for bom, volte e me conte...
"mato-me setenta vezes por minuto a cada bater do coração"; ILENIDLAVSKI, Martin. diz:
mas o ônibus freiou, a faca não tinha corte e o gás acabou no botijão.
"mato-me setenta vezes por minuto a cada bater do coração"; ILENIDLAVSKI, Martin. diz:
aí tive de me contentar com a existência mesmo.
Estevão diz:
isso que eu chamo de estar na facticidade da existência é não ter como se livrar disso...
"mato-me setenta vezes por minuto a cada bater do coração"; ILENIDLAVSKI, Martin. diz:
mas jah como diria "Chopp in hour":
Estevão diz:
nossa...
"mato-me setenta vezes por minuto a cada bater do coração"; ILENIDLAVSKI, Martin. diz:
ich drinken yesen, ich vivenden, alt auf drink ist, morrenden ist!
"mato-me setenta vezes por minuto a cada bater do coração"; ILENIDLAVSKI, Martin. diz:
eu bebo sim, estou vivvendo, tem gente que não bebe eestah morrendo!
"mato-me setenta vezes por minuto a cada bater do coração"; ILENIDLAVSKI, Martin. diz:
um brinde ao cachacismo!

(...)

Então ambos os interlocutores despediram-se, tomaram sua dose de heidegerraína e dormiram o sono próprio aos injustos.

domingo, janeiro 01, 2006

...em junho de 2005

Ah maldita! o seu sexo!... ah... o seu sexo é um desespero imenso sobre a calma da minha existência. Do meu canto penumbroso e quieto jogado contra o precipício das suas curvas. Por que me olhar com tantos entorpecimentos? Você me olha, eu sei que me olha. Não sabe que sou humano, bem humano? É isso o que quer... um homem para crucificar de olhares e desse andar demoníacamente santo! Se quer tens eu aqui, cativo! Nas celas desejosas do meu corpo tens um prisioneiro. Eu me embrenharia no sonho atordoante dos seus cabelos como aventureiro que se perde pelo prazer de perder-se... eu me desataria em choro e me retribuiria à morte, eu me deixaria morrer... de santas loucuras sob a sombra da nave do templo do seu corpo. Nada deteria minha mão cariciosa e sedenta, nada romperia a batalha de nossos corpos ou quebraria meu secreto juramento de paz e tormenta, mas destruiria meu altar das divindades morais, sacrificaria a existência pela evocação de seu toque, pacificaria os exércitos... ah como pacificaria, e criaria muitas guerras a mais, para pacificá-las de calma extrema nas noites em que te encontrasse. Mas... ah divindades!

Mas não se deve macular seu riso... não se toca a sua sacralidade louca... não se bebe das pétalas o mel do seu charme... não se concebe da sua pele surrupiar um arrepio... sacrilégio, ah que sacrilégio seria! Um santo sacrilégio de banhar seu corpo saciado numa madrugada, no quase já da manhã. Mais nada... Que o bálsamo de gritar me conceda paz. Nada há mais que faça sentido, a não ser não encontrar sentido em nada. Que o seu nome não seja jamais pronunciado por outras vozes, que nunca saibam do incêndio celestial do seu sexo, que não tenham jamais o seu toque como eu teria se pelos anjos da guarda eu não fosse um danado jogado à existência como uma estôpa a um canto da despensa!

Ah... que a noite seja leve!