domingo, outubro 23, 2005

Delenda est curitiba!


Há uma curitiba da saliva dos clientes gordos que desce pelo corpo das putinhas. “Ah bons tempos em que eu fazia ponto num puteiro decente...” __ pensava ela enquanto o cliente salivava mais. A mesma curitiba que anda vestida de bonitinha na rua XV dança na Lidô e se oferece nas boates, com olhos azuis; a mesmíssima e triste curitiba que nega bom-dias no Shopping Estação se renega a ver os mendigos. O inglês diz que é boa essa curitiba de parques e puteiros cubiculares e volta a morar na Inglaterra. Uma tal curitiba há que tem o oil-man por ícone, outra que é devota dos Faichecleres, outra de São Francisco, outra de idólatras e súditos carrancudos da neblina densa das manhãs de inverno... A curitiba das bebedeiras no Largo da DesOrdem não vê a curitiba da feirinha nos domigos de sol. A curitiba das BMW’s não repara numa outra que não come a dois dias. Aquela de freirinhas que se masturbam na escuridão do claustro, aquela que bate a carteira dos desatentos e aquela outra que fala sozinha como o Esquizofrênico da Biblioteca Pública, uma curitiba de bas-fonds e botecos, não aquela aristocrata e metida dos pubs. Não aquela que almoça no Madalosso e ouve jazz, essa traja suspensório e vai vender livros na Chain. Há uma curitiba que se deita com qualquer um, outra que se guarda para o noivo; uma que atira cuspes na cruz, outra que goza ao vê-la; uma que fica nua em Caiobá, outra que não vai à praia e repete o sinal da cruz ao ouvir palavrões, uma da Boca Maldita, outra de uma maldita boca de infâmias silenciosas sob sorrisos para os turistas.

A todas as curitibas deve-se devotar o ódio imparcial com que elas nos olham. Delenda est curitiba. A salivinha continua a escorrer dos clientes e o sol nasce sobre a neblina. Destruamo-nos a todos, curitibocas que fazem a curitiba que cada um quer. Destruamos já nossos altares e nossas bíblias e desçamos ao rés da realidade. Ó doce e amarga realidade em que nada pode ser melhor que Curitiba. Um brinde, numa taça de prata com a melhor cicuta, à todas as curitibas! Tim-tim!