segunda-feira, dezembro 11, 2006

As peripécias de Plínio

O sol se chocava nos óculos espelhados de Plínio, enquanto caminhava em alguma rua da cidade. Pra onde vai ainda não sabemos.

Um livro na mão, pouco dinheiro no bolso, um bilhete de loteria amassado. Consultou as horas no relógio ao entrar no bar. Dois goles de uma aguardente barata e um cigarro mal fumado caído no cinzeiro, saiu de novo pra rua contraindo os olhos antes de voltar a usar os óculos. No anel prateado da mão direita Sheila não estava esquecida. Uma esquina à esquerda e entrou por um corredor com uma escada sem iluminação, o a falta de reboco se acentuava em buracos na parede, primeiro andar entrou em outro corredor com uma lâmpada quase desnecessária, havia janelas grandes de vitrô sujo. Parou em frente ao apê 15 e bateu na porta, ana Lúcia atendeu:

__Oi...
__Que bom que você veio! Entre.
(... instante de silêncio, Plínio observando os móveis, a paisagem da janela) Fizeram sexo a tarde toda. Depois de meia hora de sono, Plínio acordou e foi até o banheiro. Tirou a aliança do dedo, olhou pra ela sem respirar. Jogando água no rosto teve a sensação nítida de que tudo estava vazio. O universo dos relacionamentos humanos é um vácuo sem motivos.

Toc... toc... Lúcia batendo na porta do banheiro depois de alguns minutos de espera, usava uma camisola vermelha com a barra já um pouco puída.

__Tudo bem Plínio?__Ele jogando o anel no lixo disse que sim. Respirou e pôs a mão no trinco de cobre escurecido. Parou e voltou, entre o lixo pegou a aliança, sentindo o vazio que tudo aquilo significava.