sábado, maio 07, 2005

Pam contra a moral num dia frio.

Como todos os dias, Pam havia acordado às duas horas da tarde. Dirigiu-se ao banheiro, lenta sobre os chinelos de praia, tomou seu banho como quem se purifica, escovou os dentes e olhou-se no espelho com medo de não se reconhecer. Não havia mais dúvida, nem qualquer resquício de moral ferida, já que seus preceitos cristãos estavam, de longe, perdidos. Almoçou como se isto lhe desse forças realmente novas. Encheu um copo de água na torneira do recipiente escutando as gotas caírem no copo de vidro transparente até quase transbordar e o sorveu completamente com vagar até sentir seu corpo absorver o líquido como energia nova em potencial. Caminhou até a sala e pôs um música leve de fundo e cochilou por alguns minutos até ser acordada por um pesadelo em que era jogada de cima de um prédio muito alto. Estava suada. O telefone tocava insistente. Mas a moça num estado letárgico não atendeu, e deitou-se novamente e chorou durante longos minutos. O triiiiimm do telefone voltou mais uma vez. Ela agora não atendeu propositadamente, já estava decidida, pôs um sobretudo cinza, sobre as roupas curtas, saiu de sua casa com uma arma de um calibre qualquer escondida no bolso. Caminhou pelo frio da rua vazia, cruzou o parque, entrou no bairro de ruas sujas, abriu um portão escuro de um bordel e subiu as escadas como quem decide por conta de si o destino dos outros.