domingo, novembro 27, 2005

Pam das Lótus Letais e Ilenidlavski da M.C.: a Sociedade corre perigo!

Fazia sol em Curitiba! Fazia sol, mas uma escuridão tremenda encobria as almas pútridas dos caras da M.C., a Máfia Casaquistaniana. Ilenidlavski fora denunciado e preso com a boca na botija, com a mão massa, enfim, com caixas e caixas de H.E.C.. Flagrante delito! Mas depois de uma contenda infernal em que colocou à prova sua capacidade desmesurada de destruição, livrou-se da cadeia. Agora ele é o inimigo público n.º 1 de Ctba e região metropolitana. Acossado, caçado, escondido, enfurnado em seu castelo não podia ficar. Alternava entre seu esconderijo embaixo do Palácio Iguassu e os puteiros da capital. Uma noite aqui outra ali. Vida bandida!
A Máfia não é mais como antes. A Belle Epoque Mafiose... Bons tempos aqueles que podia se matar e extorquir com classe e gozar dos bons olhos da sociedade, mas era agora momento de se agremiar ajuda. Não havia outra chance. Ela! Sim, ela! Pam, a danada líder das Lótus Letais. Quadrilha carioca de 32 mulheres especializadas na guerrilha urbana e assaltos invisíveis, distribuidora oficial de H.E.C. no Rio e Baixada... Pam era conhecida pela fragrância de lírios que deixava pelo caminho em que passava, inebriava os policiais nos tiroteios com seu perfume e os sufocava de prazer olfativo. Conhecida já de muito tempo de Ilenid por correspondências, guardavam entre eles uma pacto de ajuda mútua que deveria ser respeitado por todos os sempres da vida, ou até que as convenicências ainda convierem. Era a hora... e a temível e sedutora líder das Lótus Letais, dona de letalidades e argúcias nunca vistas, aterrizava no Afonso Pena. Com vistas a ajudar seu fiel amigo contra as tempestuosidades da vida mafiosa e seus rivais da Sociedade que já punham olho grande sobre as áreas de influência da M.C.

Então uma nuvem cobriu o sol e uma pomba passional se suicidou de cima do edifício Itália sobre os transeuntes desatentos.

sábado, novembro 12, 2005

Ilenidlavski preso! Interrogatório acaba em narizes quebrados e estupefação popular!


__Nome?
__..., disse em silêncio.
__Nome, pôrra! Tapas, chutes, torturas de toda espécie.
Mais silêncio... Respiração ofegante.
__Nome...
__Ilenidlavski. Martin Ilenidlavski, seu criado!
__Profissão?
__...
Mais chutes, mais tapas, entram quatro policiais na sala para segurá-lo, mais dois e o faxineiro também. Não dão conta. 32 brutamontes são escollhidos na turba que aguarda na porta da delegacia para linchá-lo. Entram e finalmente o seguram.
__Profissão?
__Máfia...
__Não perguntei o nome do ramo de atuação. Só a profissão.
__Hhhh... Fhhhh..., respira arfante cansado da briga.
__O que você fazia naquele galpão acompanhado de 300 caixas de H.E.C. e mais trinta caras armados?
__Promovíamos uma festa de debutantes para sua filha, disse laconicamente.

Os policiais confabulam, chamam o delegado, ligam pro Secretário de Segurança e chegam a conclusão que Martin está sendo irônico.

__Você quer brincar não é...?! Vamos ensiná-lo a dar risadinhas rapazes!

Depois de uma briga infernal com todos os policiais o faxineiro, os trinta caras da rua, tiros de vários calibres são ouvidos, socos, tapas, puxões de cabelo e gritinhos de “tira a mão daí!”, Martin Ilendilavski saiu da sala de interrogatório realmente dando uma risadinha crucialmente sarcástica, levemente irônica, densamente contente. Limpou o pince-nez, checou as horas no relógio de bolso, concertou a posição do lenço no bolso do paletó negro como o meio-dia, e dirigiu-se a mais um assassinato marcado cruzando a multidão atônita crente em seu martírio.

domingo, novembro 06, 2005

últimas caeeirices...

I
ah acordar...
ver o dia como a sombra nova vê o dia!
ah acordar...
ter o sol por chapéu, bom amigo vem cá me iluminar!
ah deitar no gramado longínquo...
supor as questões findas...
como sobreviver, como viver, como amar, como... como...

ah... resvalar o céu com ternura,
ah ternura... palavra ruim de se usar em poesia.
pieguice dizem uns... mas o que é terno é bom e o que é bom eu quero.

ah entregar o ser ao ser e me ater ao estar!
compreender o que não se compreende, que não se deve compreender nada.
o rio compreende a existência do universo...
todos os pássaros são melhores aviadores, todas as sardinhas melhores marinheiras!
que o dia se finde na minha companhia, que a noite chegue... o dia é longo.
dê-me conforto ó noite... dê-me alegria ó dia!

II
buscar a felicidade é a necessidade geral da humanidade,
dizem uns que só os ignorantes são felizes...
se tal, então, ser perspicaz é sinal de burrice!

III
(...)

IV
e o lirismo se deita simples com uma folha seca ao pé duma árvore,
em minha almazinha triste e alegre como um palhaço frustrado.
e alguma sabiá declama shakespeare nalgum lugar desconhecido do universo

enquanto uma libélula decifra as questões do ser,
quietamente, serenamente, sem fazer alarde, à meia-noite, voando sobre um lago na mata silenciosa!

evoé...
easily...
e...vo.......é........

quinta-feira, novembro 03, 2005

da alma...


Proclamo as revoluções da alma. O corpo não tem significação por si só; máquina inútil, senão somente lúdica. Máquina defeituosa de dores e desconfortos. Líquidos sujos correndo nas veias. O homem almeja não ter corpo, superar-se a si e às dores, e ter o ar e ter a brisa por amigos. Limitado e humano quer aproximar-se de Deus, onipresente, onipotente...

Mas, Deus há? O que há além do homem? Indiferença, terror, vazio... o que não há, o nada? Se há Deus devo estender o melhor tapete e limpar o oratório já tão velho. Mas se não há, existe só o homem e o nada a bater-lhe à porta, como uma liberdade imensa e angustiante, como quem está sob a chuva e não tem guarda-chuvas. O que se deve então, além de esperar as horas fatais em que se descobre os mistérios da vida? O que se deve? Ater-se ao já? Ao agora que não se acaba, numa sucessão de agoras inacabáveis?

Proclamo as revoluções da alma. Que já não se tem a si de tão extensa. E derramo ao leito dos dias e das horas escuras em que se questiona, meu peito desgovernado e humano em forma de frases extremas. E me estendo na indissolúvel rede de armar em que está a existência e deflagro uma grande noite chuvosa para dormir.