domingo, janeiro 01, 2006

...em junho de 2005

Ah maldita! o seu sexo!... ah... o seu sexo é um desespero imenso sobre a calma da minha existência. Do meu canto penumbroso e quieto jogado contra o precipício das suas curvas. Por que me olhar com tantos entorpecimentos? Você me olha, eu sei que me olha. Não sabe que sou humano, bem humano? É isso o que quer... um homem para crucificar de olhares e desse andar demoníacamente santo! Se quer tens eu aqui, cativo! Nas celas desejosas do meu corpo tens um prisioneiro. Eu me embrenharia no sonho atordoante dos seus cabelos como aventureiro que se perde pelo prazer de perder-se... eu me desataria em choro e me retribuiria à morte, eu me deixaria morrer... de santas loucuras sob a sombra da nave do templo do seu corpo. Nada deteria minha mão cariciosa e sedenta, nada romperia a batalha de nossos corpos ou quebraria meu secreto juramento de paz e tormenta, mas destruiria meu altar das divindades morais, sacrificaria a existência pela evocação de seu toque, pacificaria os exércitos... ah como pacificaria, e criaria muitas guerras a mais, para pacificá-las de calma extrema nas noites em que te encontrasse. Mas... ah divindades!

Mas não se deve macular seu riso... não se toca a sua sacralidade louca... não se bebe das pétalas o mel do seu charme... não se concebe da sua pele surrupiar um arrepio... sacrilégio, ah que sacrilégio seria! Um santo sacrilégio de banhar seu corpo saciado numa madrugada, no quase já da manhã. Mais nada... Que o bálsamo de gritar me conceda paz. Nada há mais que faça sentido, a não ser não encontrar sentido em nada. Que o seu nome não seja jamais pronunciado por outras vozes, que nunca saibam do incêndio celestial do seu sexo, que não tenham jamais o seu toque como eu teria se pelos anjos da guarda eu não fosse um danado jogado à existência como uma estôpa a um canto da despensa!

Ah... que a noite seja leve!