sábado, julho 30, 2005

Batalha fatídica entre Stiepán, o cavaleiro do triste sentido figurado, e Valdinéli, o destemido senhor do Hades!

vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
en garde, ser decrépito!
Estevão diz:
Despresível entre os vermes, erga seu espadim para que não tenha eu a fama de covarde!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
essa sua faquinha inútil não poderá bater meu florete de aço espanhol!
tens a fuga por escolha, vá enqto há tempo
Estevão diz:
Não desdenhe meu gládio, pois nele repousa a causa mortis de incontáveis e saibas que a evasão nunca foi opção para mim, pois agora relego a vós este subterfúgio dos covardes!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
chamas-me de covarde... nenhum dos vermes aos quais já dei fim teve a petulância arrogante e estúpida de dizer tal ultraje!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
de espada desembainhada chamo-vos ao duelo pelo coração da princesa Tatiane! Ó bela Tatiane, sereis minha! não vos preocupeis!!
Estevão diz:
Não me compares aos ignominiosos seres que lhe cruzaram a frente, conheço tua fama de assassino de meretrizes e andarilhos solitários, mas hoje desafiaste um homem honrado e terás teu fim em razão de tua perfídia para com o que há de digno! E não ouseis balbuciar o sacro nome de Tatiana, Oh Helena entre as mulheres, e tu o carrasco de minha bem amada sentirás o peso de minha Montante!
Estevão diz:
O medo te fez calar-te? Sua língua vacilou ao se deparar com o elevar da minha montante? Seja homem e não temas a hora final que te aproximas, recebe-a como o cálice que te cabes pois este é segundo melhor presente que poderias ter recebido!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
jamais me calaria ante teu palavrório frouxo e tresloucado, sua retórica chã não tem veemência para gelar esses músculos endurecidos pela vida que possuo!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
tive de me desprender para atender aos clamores de um pequeno jovem que pranteava-se em seu berço a procura de amparo. Hoje acumulo as funções de tio, babá e cavaleiro andante que te fustigarás com este golpe em sua armadura puída pelo tempo e pelos seus tenazes!
Estevão diz:
Oh...! maldito sejas, me alvejaste convardemente com teu punhal oculto! Pérfido! Despertaste a ira daquele que há de te sucumbir! O extermínio te concedo agora com meu golpe, Infame!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
ó... ignominioso entre os ignominiosos! sois baixo e não tens a hombridade de golpear segundo as regras da cavalaria andante! golpeaste-me como um cão selvagem à uma presa! vejo sangue pelo minha armadura! pagarás caro pela sua falta de honra! Esteja pronto para este golpe com as costas da espada em seu elmo sarraceno!
Estevão diz:
Teus golpes assemelham-se a coice de éguas xucras prenhas, pensas que com tão oblíquo golpe hás de acerta-me novamente? Só conseguis-te tal proeza quando fizeste uso da convardia, mas hei de dar cabo nela e em teus improprérios! Que a lâmina de minha montante te transpassa o corpo!
Estevão diz:
E que tuas vísceras venham a ser alimento de corvos!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
ó... o sangue jorra! sinto minhas funções vitais falharem... minhas vistas já enegrecem, mas a ainda há forças nas mãos para rasgar-lhe o peito com meu florete! touché!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
ó demônio revestido de aparência humana... mandaste-me ao limbo negro dos desconectados... eis me volta a atormentar-te!
Estevão diz:
Assombração infernal! De onde viestes? O limbo é teu repouso agora! Mas não penses que enquanto avejão irá conseguir enlear minha mente! Irei quantas vezes necessário for mandarte aos confins!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
os mortos-vivos jamais morrem... mas ainda tenho como pena atormentar-te a eternidade. conhecerás a catarse de seus crimes pelo sofrimento que hei de te causar, ó armadura esquelética de dasein torpe!
Estevão diz:
Sei que este inomivavel prazer só poderei saborear uma só vez, mas certamente essa não terá sido a única vez que te farei esbrasear no Tártaro!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
o Hades não é comparável ao terrível sofrer de lhe ver ainda vivo... arranco-te a alma à força das carnes fétidas que possuis! venha agora comigo ao antro dos demônios que é seu lugar!
Estevão diz:
Não é por estar sem tua rota carcaça é que levarás a termo facilmente aos teus propósitos, ultimando-os! Eis que carrego o abençoado amuleto que minha Helena forjou para que criaturas como as da tua laia não viessem turbar-me os caminhos e o sono.
Estevão diz:
Agora amarro-o, oh tão prezado amule, à ponta de meu gláudio e assim tereis força para amarrar-te definitivamente aos ardis do Érebo!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
não conheço o Érebo e nessa época do ano o fogo infernal lhe será mais aclimatável... ser desprezível... ficareis sendo a pedra de Sísifo! o fígado de Prometeu, os moinhos de teu mestre quixotesco!
Estevão diz:
Voltaste sarcástico ou as chamas do Averno secaram-te o juízo? Eis que não resistiras agora aos golpes da minha montante guarnecida com o amuleto de minha amada! Ela te presenteará com o fim de tua existência!!
vldnl: "'cause everybody has a poison heart!" diz:
voltei, mas já revolto para as cinzas do além-mundo com tua alma pútrida ser decrépito... a madrugada avança e devo levar-lhe já. Não tive Tatiane, a sensual, mas terei sua alma nas chamas da perdição!

Post Scriptum:
Então a conecção do além-mundo com este perdeu-se e ambos os cavaleiros voltaram aos seus aposentos, um no Hades, outro na Augusto Stelffeld!

domingo, julho 24, 2005

Tiroteio épico nas ruas de Ctba e revelações sobre o mensalão!

Duas horas da manhã na Avenida Cândido de Abreu. E uma pick-up acompanha um caminhão repleto de ampolas de heidegeraína. Tudo bem arquitetado na mente do “Metódico” Zancanarius. Leonard com sua bereta de estimação em punho. Contavam-se trezentos pequenos riscos no cano dessa arma já famigerada, de trezentas vítimas abatidas pelo Macabro. Capuzes negros e adrenalina no sangue!!! Numa das esquinas o caminhão é interceptado e tiros e tiros são ouvidos em todo o Centro Cívico. Os capangas da Sociedade não sabiam, mas também estavam sendo seguidos por Ilenidlavski em pessoa. O sanguinário Ilenidlavski com mais capangas. Zancanarius e Leonard e seus capangas anônimos viram-se em fogo cruzado e numa armadilha muito mais bem arquitetada que seus planos pressupunham.
Bam...Tôu... puu... puu... trrarrararrara... as balas tracejantes de um AR15 de Zancanarius iluminavam fracamente a noite curitibana como vagalumes suicidas em direção do carro negro da M. C., a Máfia Casaquistaniana. Depois da Cândido a Serro Azul, pouco depois da Serro Azul atingiram a linha do biarticulado e correram por ela entre balas e projéteis sem daratenção aos sinais vermelhos. Poucos minutos de correria e estavam agora no Batel, o caminhão ficara pra trás. Leonard manejava sua bereta com habilidade nunca vista, porém um tiro com pouca mira raspou seu ombro direito tirando-lhe a certeza dos movimentos. O motorista, também anônimo: “preparem-se pro 360º”! E executou-o jogando todos contra a parede do carro. A M.C. estava agora sem saber por onde estavam seus inimigos da Sociedade. Dobrou algumas esquinas à procura, nada visto na madrugada além dos bêbados e playboyzinhos de costume.
A Sociedade voltava agora ao esconderijo, Leonard, queria descarregar sua bereta em Ilenidlavski, mas o Metódico o acalmou dizendo que a hora de tão vil ladrão chegaria. A pressa não contribui aos planos perfeitos.
E Dostoievski Naka flutuava em um Boeing em direção ao Quênia, lugar inóspito e pouco óbvio que escolhera para se refugiar das disputas judiciais envolvendo seu nome, no mais novo escândalo de compra de votos de parlamentares. Sim Naka pagava o “mensalão”, para obter leis mais favoráveis aos seus crimes, para ser acobertado pela cúpula do legislativo, e receber favores sexuais das assessoras dos deputados. Verme escroto!, diziam todos, mas não haviam provas! Apenas “acusações infundadas”, como dizia Stiepánovitch, o Advogado, aos repórteres em frente ao prédio onde estavam sendo executados os trabalhos da CPI.
Dia após dia, tudo acontecia como sempre aconteceu. O sol subindo e descendo, mendigos se encolhendo de frio nas marquises e crimes e crimes sendo executados no submundo curitibano. Enquanto isso os anticorpos de D. Naka travavam uma luta ferrenha contra os agentes de uma doença estranha recém-inoculada por um pernilongo queniano em seu sangue. Mas por infelicidade de todos os seres vivos, os anticorpos venceram e Naka nem soube de seus problemas com a malária.

terça-feira, julho 19, 2005

Retrato de província

A Província estava como nunca, ou seja, como sempre. O tempo passando duas vezes mais lento que no restante do universo. Homens, mulheres, pseudo-conservadores, cães mal alimentados, carroças e carros velhos. Quando chegamos não chegamos, pois estávamos em outro lugar que não aquele que esperávamos encontrar. Paredões escuros, poeira amarela, nuvens no céu, calor, vento, frio, vento, chuva, barro, barro... pedras na estrada sem calçamento...
Não havia uma previsão sequer de futuro naquele presente. E o presente mesmo tinha um cheiro indiscutível de passado. As revoluções acontecem a dois mil quilômetros daquelas lugar. Furacões e angústias a cinco mil. O tempo cai devagar na brisa e resvala os cabelos da moça que a dois anos era menina. Os meninos crescem com indiscutível entrega ao destino. E o destino dorme por cima das montanhas e das nuvens. Não havia como discutir, o sol até se escondia envergonhado, a província estava como nunca. Um cheiro de inverno espocava no ar. As nuvens vinham e iam, tanto que numa dessas vezes ficaram. E chchchchchchuuuuva... por entre os telhados e olhares dispersos. Uma aranha pequena fez seu abrigo nas costas de uma folha laranjeira. As poncãs mais doces da minha vida e a montanha mais fantasticamente minha do planeta, como um presente aos olhos no amanhecer. E o dia escorreu hora por hora até eu fazer as malas. Adieu, arivederti! Sentimento estranho de dever de visita cumprido e saudade dos que ficam, de lembranças doídas de um passado próximo e o sorriso de amigos de agora.
Quando a deixei, ainda continuou ela a esperar e esperar. As cartas do correio, os telefonemas dos migrados filhos de outrora, as novidades, o asfalto, as águas do rio que chegava e passava célere, os milagres e as trombetas do juízo final, se este chegar por lá. Então a aranha, pequenina que era, desceu de seu esconderijo assustada com o dia e uma margarida floresceu a muitos quilômetros dali.

segunda-feira, julho 18, 2005

storms and hurricanes in danyelle's mindnotebook!

I

Terra marrom, tosse e cadê o asfalto? E daí o copo cheio de café, cheio e frio, era da cor da mão que não bebia. Elaborando uma breve descrição dos seus desacúmulos financeiros, faz anotações...Realmente ele não sabe o que fazer, leviana impressão de que tudo irá se resolver.

II

Liberdade é o tema que já foi e ainda vai ser sempre: imprescindível, essencial, e, e, e, é tudo o que queremos na verdade: um namorado compreensível, uma vida sem namorado, dinheiro, mil carinhos pra escolher, matar os problemas, dinheiro, mil caminhos pra escolher, matar os problemas, enfim sair desta posição que nos foi imposta e poder ir pra qualquer outra. Frustração, vontade de fazer o que eu não devo, mas o que eu devo? A quem eu devo? Não, não é isso. O que é então? Qual é a questão ?

III

Cartinhas, bilhetes, ou até poesias baratas, nada disso me valem. Eu não mereço tão pouco, esse muito que você faz não basta.
DESCRIÇÃO 1
Ele é o cara, que na verdade inventou mil máscaras pra usar conforme o seu humor, homem, solteiro, procura: aquela de vestidinho largo com temas floridos por cima da meia-calça de lã-preta e um coturno no pé (afinal, faz muito frio por aqui nessa época do ano), se for ela mesmo, vai ver o seu olho castanho por trás dessa lente que ele usa para corrigir seu resquício de miopia. Mentirinha que ela conta pra todo mundo, na verdade... a verdade não existe ainda. (Esqueci essa droga!)
_Viu? Não, não ...olhe de novo!
_E agora? Você viu?
Olha só o que está acontecendo sem ninguém perceber. Existem duas pessoas cá no mundo da neblina alaranjada, quem deixou a porta aberta? Agora mesmo que a gente tente convencê-los a irem embora não vai dar certo, estão deslumbrados com esse mundo. É, é, é, lembra quando nós dois chegamos aqui? O único, ou melhor o pior dos problemas vai ocorrer sempre que os dois ou um só deles entrar percebendo que está entrando, só não perturba a ordem desse nosso mundo confortável e aconchegante àqueles que apercebessem que estão dentro do mundo quando já estão aqui.
Ficamos mais vulneráveis, até um tanto pacíficos, e é justamente por isso que levamos mais um soco no olho sem esperar, esse é o que dói mais e ocorre com muita freqüência. Voltei p´ra casa ontem e acho que vou ficar por aqui uns tempos.

IV

Ela
-EI...!? QUEM É VOCÊ?
-ANDANDO COM ESSE CAVALO MARROM.
-PASSANDO PELA TRILHA QUE EU ABRI.
-NESSA FLORESTA CHEIA DE FOLHAS.
-SÃO DO OUTONO E FAZEM BARULHO.
-DROGA! CORTEI A MINHA MÃO.
-NÃO, NÃO PRECISA, EU TENHO ESPARADRAPO.
-OBRIGADA MAS PODE IR AGORA.
-ACHO QUE O SEU CAVALO ESTÁ COM SEDE
-VÁ EMBORA, POR FAVOR!
-EU TENHO MUITO TRABALHO AINDA.
-SOCOOOORRO!!!
Ele
-EU A PEGUEI, SIM.
-TEM UM GRAMADO VERDE MUSGO, COM A GRAMA BEM APARADA (DIA SIM, DIA NÃO).
-É EXCELENTE PARA JOGAR FUTEBOL.
-FICA A CINCO MINUTOS DE CAVALO.
-NÃO IRIA DAR CERTO COM ESSE CANIVETE.
-VOCÊ IRIA DEMORAR MUITO.
-NÃO É LEGAL CHEGAR ATRASADA NO ENCONTRO.
-ESTAVA NUMA TRILHA PERTO DA SUA.
-QUANDO TE VI NÃO TIVE NENHUMA DÚVIDA.
-ESTARIA LÁ NO GRAMADO ESPERANDO.
-E QUANDO VOCÊ CHEGASSE,MESMO COM ESSE CABELO DESPENTEADO.
-EU SABERIA...
Autor
-E FORAM MORAR EM UMA CASA BRANCA, QUE FICA DE FRENTE PRO GRAMADO, PRA PONTE E PRO LAGO.
- MAS, QUE ANTES NÃO EXISTIA.


DUARTE, Danyelle Cristine (Dany Anticristine)
; aforismas sem título; in: cadernos por aí!



domingo, julho 10, 2005

A Sociedade liberta: os quatro cabeças se salvam pelas mãos sujas de Natalício!

No dia do julgamento Natalício saiu sem pressa de sua mansão comprada com dinheiro de suborno e extorsão e dirigiu-se ao tribunal com toda a calma anormal a um corrupto. O medo da descoberta, o medo da justiça, o medo de que suas trapaças fossem postas a público não lhe corria no sangue. O circo armado, juiz e jurados comprados, veredito inocentes. Inocentes... tão inocentes quanto qualquer matador de aluguel como Leonard, como qualquer mafioso como Dostoievski Naka ou arquitetador de crimes como Zancanarius. Defendidos por Stiepánotivtch acabaram por parecer vítimas injuriadas pela sociedade. No momento em que seria proferida a sentença, um leve sorriso brilhou nos dentes nos dentes de ouro do juiz Natalício. Zancanarius já cochilava, Naka fazia tricô, arte aprendida na prisão, ensinada pelo macabro Leonard que fazia palavras cruzadas chinesas.
Todo esse espetáculo foi assistido por Dany Anticristine e pelo delegado Michael Obelix, com suas madeixas ruivas de bárbaro e um par óculos escuros, ambos ficaram estarrecidos. Mas apenas um deles sentia isso realmente. Na saída um vendedor de flores ofereceu uma à policial a um preço módico de um real, ela tirou uma nota de cem e disse para que ficasse com o troco com um olhar arrogante recentemente conquistado pela sua condição financeira.
___Basta pegar mais um rato que eu vou pro Thaiti aproveitar minha vida...
Dois dias depois os capangas de Martin Ilenidlavski lançaram-se sobre um carregamento de heidegeraína, droga de distribuição exclusiva da “Sociedade”, a briga estava comprada. Zancanarius mandou mensagem a Ilenidlavski:
___Você pisou em terreno perigoso. Fuja enquanto há tempo.

quinta-feira, julho 07, 2005

Perdido...!

Então Bernardo confessou a si mesmo: mais um amor perdido. Sentia uma vontade de fuga imensa.
__Não há mais forças. E esse cansaço nos músculos, cansaço de estivador ao fim do dia. Nada a dizer a ninguém. Nem a mim, esse cara impreciso e confuso. Nem aos ouvidos mais próximos, minhas colunas de sustentação. Nada, a ninguém. O silêncio é a única defesa. Mais um amor perdido. Apenas. Minha biografia assim será um fracasso de vendas. Uma decepção mercadológica. Tanta possibilidade assassinada no berço por uma personalidade estúpida vestida de bom moço. A velhice já me sorri, desdentada, nessa imaginação medrosa”. Um pouco de blues. O olhar verdinho voltava-lhe à imaginação. Esforço por dormir, esforço inócuo. Um copo d’água, lento descendo pelo corpo.
__Ah, quanta obviedade romântica! Quanta esquiva racional! Vontade de recusar. Vontade de me matar de mel e cansaço. Vontade de escrever cartas e emoções vadias. Vontade de olhar e abraços despreocupados. Onde está o ódio que faço jus, nada! Desprezo nos olhos. Por que sou assim? Assim. Não escolhi essa fraqueza. E como luto contra, com as forças que já não existem, nem nunca existiram. Recolhido ao habitat dos vermes de forma mal-expressa, quase desconhecimento no olhar pulsando na mente pasma.
Bem aventurado seja o fim de todo começo. Louvado seja o atrapalhamento de mãos e idéias.
__Que tenho eu cá de remoer histórias?!
“O tempo é mercúrio-cromo”.

terça-feira, julho 05, 2005

Se eu fosse Deus...( parte I, o gênesis)

Ah seu fosse deus! Não teria perdido tempo. O universo teria sido criado por uma comissão de semi-deuses pré-criados para dar conta do recado, assim eu não teria que perder sete dias nesse trabalho. A primeira coisa a ser criada seria a Bahia e eu ficaria lá, em uma rede de algodão, vendo num telão as operações da comissão de criação do universo. E haveria um supervisor para cada seção da criação. E estas seções se comunicariam por memorandos celestiais que seriam enviados pelos anjos memorandeiros. Acabada a criação os semi-deuses e anjos memorandeiros seriam demitidos e jogados no inferno, uns seriam postos lá para não reclamarem para si poder sobre as criaturas, e os outros porque certamente leriam os memorandos e estariam sabendo demais para continuarem no lado de cá do além-mundo.
A Adão seria dada a incapacidade da compreensão da alma de Eva e este seria um defeito que passaria geração após geração. A Eva seria dada a capacidade de atazanar e gastar todo o dinheiro de Adão. E à serpente seria dada a função de escrever o primeiro livro de auto-ajuda de “como entender as mulheres”. E todos já no paraíso seriam obrigados a usar folhas de urtiga, e não de parreira, nas partes pudendas em sinal de pudor e recusar-se a isso seria sinal de ofensa para comigo, o senhor do universo, passível de castigo com 332 chibatadas na bunda direita. Em vez de uma serpente seria um anjo memorandeiro, rebaixado a demônio memorandeiro, que disfarçado de bruxa malvada traria uma boneca inflável a Adão e uma vibrador a Eva e mais duas maçãs que trariam dentro de si comprimidos de ecstasy. Ambos após comer as frutas fariam sexo enlouquecidamente durante muitas horas e muitos minutos. Então após o ato, que teria assistido voyueristicamente por mim, eu apareceria com uma voz de locutor de rádio AM sobre as nuvens empoeiradas e os expulsaria do paraíso e lhes obrigaria a assinar um contrato de habitação com a COHAB por uma tapera de beira-de-estrada, onde estariam obrigados a pagar por ela prestações pelos tempos dos tempos e essas aumentariam conforme a variação dos juros e a taxa de inflação de forma que me pagariam pela tapera umas três vezes. A Caim seria ministrado um curso de tiro para que não usasse um bastão para matar o irmão, e a Abel seria dada um colete a prova de balas e um pouco mais de maldade no coração para que revidasse a seu irmão. E então estaria criada a primeira guerra, entre as facções abelianas e caímicas. Caim seria morto pela facção abeliana numa emboscada num puteiro, o primeiro de todos. E Set o terceiro filho de Adão seria o primeiro advogado, para defender Abel, e seria o primeiro a corromper um juiz, eu mesmo pessoalmente ou deusisticamente. Os abelianos seriam eternamente meus preferidos e os caímicos eternamente meus renegados e seriam, no juízo final, marcados pelo número da Besta na fronte para que serem encontrados e atormentados com mais facilidade, apenas por que assim eu quero e me é mais divertido.