segunda-feira, outubro 10, 2005

"Ode Noturna", outro trecho apenas...

Um homem sentado à porta de um Banco.
Não come a dois dias. Não pede esmolas por orgulho próprio.
Mas deixam trocados aos seus pés.
Junta tudo rapidamente e imagina o alimento a ser comprado.
Mas o bar, mais próximo, vende álcool a preços baratos.
Fome ou vício? Vício. Confusão.
A fome o matará se não for saciada, o vício só o matará se ceder a ele.
Ele cede, fraco e humano, tenso e triste, angustiado e triste.

Noite sem estrelas.
O homem viciado deve dormir nalguma calçada,
Um sono leve e atento, com medo do mundo enquanto dorme,
Com medo de si enquanto acordado.
Na dissimulação infinita da luta entre si e o mundo, sem nunca vencer ou perder,
Apenas a luta infinita, dissimulada, e vazia.
Um embate moral, sem choque físico entre corpos,
Onde o mundo, muito maior e absoluto e assustador,
Vence constantemente sem jamais vencer por completo.