sábado, outubro 01, 2005

Morte e ressureição inevitável sob uma lua iluminada


nas ruas o silêncio cresce como uma metástase pelas sombras e postes fracos. em meu corpo as emoções devoram o tempo e o enfarte está mais próximo. duas síncopes ao dia, um aneurisma à noite. que bom ver a lua... essa deusa-godess-desèe de minhas angústias. essa amante confortável das noites claras sem estrela. São Jorge dorme e o dragão revoa sob as sonolências do Mar da Tranqülidade. tiros são ouvidos, duas balas perdidas encontram seu destino aleatório em meu coração e a humanidade queda imóvel sob os auspícios do imponderável. o salvador é morto agora. minhas fotos nos jornais. minhas frases na história. minhas mãos póstumas na calçada da fama. meu sexo e meu mel perdidos para sempre. mulheres vem de todas as nações render graças. meretrizes de todas as castas, jagunços de todas as raças, templários e anciãos, monjes e soldados americanos, centuriões e profetas louvam o mestre morto. Deus revira-se no caixão. Dante, Morrisson e Joyce entoam sonatas pós-punks. Lispector canta uma ária lasciva como réquiem. como uma ode post-mortem os cães uivam em meu louvor, então renasço das rosas murchas e dos lírios mortos. os espinhos me emprestam seu corpo e minha alma volta a ver o sol e a noite. dizem-me filho-da-puta e gênio incomparável, não sou mais que douto nas insurgências patéticas do coração. entrego-me numa blitzkrieg mental aos inimigos de prontidão. meu nome não me subscreve. meus gritos sim.