terça-feira, julho 05, 2005

Se eu fosse Deus...( parte I, o gênesis)

Ah seu fosse deus! Não teria perdido tempo. O universo teria sido criado por uma comissão de semi-deuses pré-criados para dar conta do recado, assim eu não teria que perder sete dias nesse trabalho. A primeira coisa a ser criada seria a Bahia e eu ficaria lá, em uma rede de algodão, vendo num telão as operações da comissão de criação do universo. E haveria um supervisor para cada seção da criação. E estas seções se comunicariam por memorandos celestiais que seriam enviados pelos anjos memorandeiros. Acabada a criação os semi-deuses e anjos memorandeiros seriam demitidos e jogados no inferno, uns seriam postos lá para não reclamarem para si poder sobre as criaturas, e os outros porque certamente leriam os memorandos e estariam sabendo demais para continuarem no lado de cá do além-mundo.
A Adão seria dada a incapacidade da compreensão da alma de Eva e este seria um defeito que passaria geração após geração. A Eva seria dada a capacidade de atazanar e gastar todo o dinheiro de Adão. E à serpente seria dada a função de escrever o primeiro livro de auto-ajuda de “como entender as mulheres”. E todos já no paraíso seriam obrigados a usar folhas de urtiga, e não de parreira, nas partes pudendas em sinal de pudor e recusar-se a isso seria sinal de ofensa para comigo, o senhor do universo, passível de castigo com 332 chibatadas na bunda direita. Em vez de uma serpente seria um anjo memorandeiro, rebaixado a demônio memorandeiro, que disfarçado de bruxa malvada traria uma boneca inflável a Adão e uma vibrador a Eva e mais duas maçãs que trariam dentro de si comprimidos de ecstasy. Ambos após comer as frutas fariam sexo enlouquecidamente durante muitas horas e muitos minutos. Então após o ato, que teria assistido voyueristicamente por mim, eu apareceria com uma voz de locutor de rádio AM sobre as nuvens empoeiradas e os expulsaria do paraíso e lhes obrigaria a assinar um contrato de habitação com a COHAB por uma tapera de beira-de-estrada, onde estariam obrigados a pagar por ela prestações pelos tempos dos tempos e essas aumentariam conforme a variação dos juros e a taxa de inflação de forma que me pagariam pela tapera umas três vezes. A Caim seria ministrado um curso de tiro para que não usasse um bastão para matar o irmão, e a Abel seria dada um colete a prova de balas e um pouco mais de maldade no coração para que revidasse a seu irmão. E então estaria criada a primeira guerra, entre as facções abelianas e caímicas. Caim seria morto pela facção abeliana numa emboscada num puteiro, o primeiro de todos. E Set o terceiro filho de Adão seria o primeiro advogado, para defender Abel, e seria o primeiro a corromper um juiz, eu mesmo pessoalmente ou deusisticamente. Os abelianos seriam eternamente meus preferidos e os caímicos eternamente meus renegados e seriam, no juízo final, marcados pelo número da Besta na fronte para que serem encontrados e atormentados com mais facilidade, apenas por que assim eu quero e me é mais divertido.