quinta-feira, julho 07, 2005

Perdido...!

Então Bernardo confessou a si mesmo: mais um amor perdido. Sentia uma vontade de fuga imensa.
__Não há mais forças. E esse cansaço nos músculos, cansaço de estivador ao fim do dia. Nada a dizer a ninguém. Nem a mim, esse cara impreciso e confuso. Nem aos ouvidos mais próximos, minhas colunas de sustentação. Nada, a ninguém. O silêncio é a única defesa. Mais um amor perdido. Apenas. Minha biografia assim será um fracasso de vendas. Uma decepção mercadológica. Tanta possibilidade assassinada no berço por uma personalidade estúpida vestida de bom moço. A velhice já me sorri, desdentada, nessa imaginação medrosa”. Um pouco de blues. O olhar verdinho voltava-lhe à imaginação. Esforço por dormir, esforço inócuo. Um copo d’água, lento descendo pelo corpo.
__Ah, quanta obviedade romântica! Quanta esquiva racional! Vontade de recusar. Vontade de me matar de mel e cansaço. Vontade de escrever cartas e emoções vadias. Vontade de olhar e abraços despreocupados. Onde está o ódio que faço jus, nada! Desprezo nos olhos. Por que sou assim? Assim. Não escolhi essa fraqueza. E como luto contra, com as forças que já não existem, nem nunca existiram. Recolhido ao habitat dos vermes de forma mal-expressa, quase desconhecimento no olhar pulsando na mente pasma.
Bem aventurado seja o fim de todo começo. Louvado seja o atrapalhamento de mãos e idéias.
__Que tenho eu cá de remoer histórias?!
“O tempo é mercúrio-cromo”.